Os perigos da superexposição de crianças e adolescentes às telas
A tecnologia atual disponível para telas e mídias, em geral, oferece benefícios, mas também pode trazer riscos para a saúde de crianças e adolescentes. Confira!
A discussão sobre os efeitos do uso excessivo de telas de dispositivos (smartphones, computadores, videogames e tablets) está longe de chegar a um consenso.
De fato, o assunto merece a nossa atenção, principalmente no que tange às crianças e adolescentes. Adultos, em geral pais e responsáveis, preocupam-se com os possíveis efeitos nocivos que a superexposição a esses aparelhos pode provocar.
Em contrapartida, existe o argumento (válido!) de que grande parte desse receio esteja relacionada ao abismo geracional e a falta de compreensão da realidade dos jovens da Geração Z (nascidos a partir de 1995) que já surgiu imersa no mundo digital.
Além disso, a divergência de opiniões, mesmo entre especialistas em desenvolvimento infantil, deve-se majoritariamente à falta de dados e às limitações metodológicas para a realização de estudos com maior grau de confiabilidade.
Contudo, mesmo que não se possa afirmar categoricamente uma relação de causalidade entre o uso das telas e problemas como distúrbios contemporâneos mais frequentes, como atraso na fala, déficit de sono e aprendizado, o alerta é válido.
Afinal, no Brasil, mais de 24 milhões de crianças e adolescentes usam a internet, equivalendo a 86% das pessoas entre 9 e 17 anos, segundo pesquisa TIC Kids Online Brasil. Então, vamos verificar os principais pontos desse debate? Prossiga com a leitura!
Riscos e desvantagens dos diferentes tipos de telas
A Internet abre um campo de infinitas possibilidades e constitui uma fonte inesgotável de entretenimento e informações. Entretanto, esse vasto espaço de compartilhamento e informação também os expõe a novas armadilhas e perigos como o cyberbullying e o assédio sexual.
Em poucos anos, a web se tornou um espaço de crescente insegurança onde os pais devem desempenhar o papel de guias e protetores. No entanto, esse papel é tanto mais difícil quanto eles próprios muitas vezes não enfrentaram esses riscos quando eram jovens.
Contudo, quando bem utilizadas, as redes sociais podem ser um ótimo espaço de socialização e experimentação. Elas facilitam as trocas com pares e são uma ajuda para aqueles com dificuldades de relacionamento, ajudam a ganhar confiança, fortalecem sua auto-estima.
Por outro lado, a prática dessas redes torna-se prejudicial quando o jovem não interage com seus amigos off-line e também quando esse espaço se torna um espaço de disputa de popularidade pautada nos números de curtidas que uma publicação recebe ou quantos são os seguidores.
Outro perigo é que qualquer informação postada nas redes sociais não é isenta de riscos e pode gerar uma série de problemas se for divulgada sem precauções: risco de exposição, informação utilizada maliciosamente, impossibilidade de apagar o rastro de uma mensagem da qual se possa arrepender no futuro.
Já os videogames são uma das atividades de tela mais comuns na adolescência, principalmente entre os meninos. Altamente criticada, esta atividade não é, no entanto, desprovida de vantagens: ela alimenta, até estimula as trocas com os outros, enriquece certas habilidades cognitivas como a espacialização 3D, desenvolve nossa capacidade de dedução, de tomar decisões rápidas e realizar várias tarefas em simultâneo.
Na grande maioria dos casos, os videogames oferecem aos jogadores a possibilidade de relaxar sem ter um impacto negativo em sua vida ou saúde. Mas, para alguns, particularmente vulneráveis ao nível psicológico, a prática excessiva de videogames pode se tornar problemática e levar ao isolamento e ao mal-estar.
O impacto do consumo excessivo de telas na saúde das crianças e adolescentes
Um número crescente de estudos contemporâneos destacam possíveis efeitos nocivos da superconexão à internet pelo público infanto juvenil. Os mais recorrentes referem-se a:
- Aumento do risco de ter uma dieta desestruturada e distúrbios metabólicos: estudos estabeleceram uma ligação entre a prática excessiva de telas em jovens e o consumo de alimentos mais doces, desenvolvimento de obesidade e síndrome metabólica (hipertensão, açúcar elevado no sangue, baixo nível de colesterol bom, etc.).
- Distúrbios do sono: um número expressivo de jovens entre 15 e 24 anos sofrem de déficit de sono. Embora nesta idade a duração do sono recomendada seja de 8 horas por noite, quase 40% dos jovens dormem menos de sete horas por noite. Principal fator que implica nessa privação de sono: a prática noturna das telas.
- Riscos cardíacos: segundo estudo do Henry Ford Health System (Detroit), passar 14 horas ou mais por semana na internet aumentaria o risco de hipertensão. A pesquisa indica que cerca de 20% dos jovens participantes do estudo foram diagnosticados com pressão alta.
- Distúrbios visuais: a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta sobre o risco potencial de crianças desenvolverem problemas visuais, tais como miopia e síndrome visual do computador devido ao uso de telas desmoderadamente.
- Estresse: a SBP também aponta que existe o aumento do estresse pelo uso indiscriminado de fones de ouvido (headphones) em volumes acima do tolerável, podendo causar trauma acústico e perda auditiva irreversível, induzida pelo ruído.
Para despertar a atenção dos adultos responsáveis e educar as crianças, a SPB lançou este vídeo educativo. Vale a pena conferir e assistir com os pequenos.
Mas, e então? Se não existe unanimidade, nem dados suficientes para embasar conclusões, devemos ou não ficar alarmados se um adolescente passar um grande número de horas por dia na frente de telas? Vamos com calma!
Embora a situação possa, em alguns casos, ser preocupante, é necessário antes de tudo colocar as coisas em perspectiva e ter em mente que a maioria dos jovens que cresceram na era digital, os “Millennials ou Geração Y”, felizmente não sofrem uso problemático de telas.
Portanto, é aconselhável evitar a patologização do uso da Internet ou das telas. Afinal, forçar uma vivência analógica também pode ser muito prejudicial aos adolescentes.
Importante apontar que o contexto familiar, ou seja, como os pais definem regras sobre o tempo de tela e se eles estão ativamente engajados na exploração do mundo digital com seus filhos, são mais importantes do que o tempo de tela bruto.
Além disso, o número de horas gastas não é o sinal de alerta mais discriminador: assim, um adolescente que passa duas horas por dia nas redes sociais pode ter uma prática mais arriscada do que seu amigo que joga online por seis horas, se essas duas horas tiverem um impacto negativo sobre sua saúde, vida social e vida escolar. Portanto, como costuma ser na educação infantil, o desafio é encontrar o equilíbrio!
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